A meditaçao da desesperança, por incidir na desconfiança de nossas verdades, finge postular, com humor, a indicaçao da poesia como remédio, embora incerto, para a pletora de males desencadeados pela sorte - uma espécie de deslocamento da filosofia, entendida como lenitivo para as dores do mundo e o aprendizado da morte, para outras paragens, em que a alegria salta, meio selvagem meio fanfarrona, com o desprezo da contemplaçao, vale dizer, da aceitaçao da brevidade da vida e o triunfo da morte. Um subtexto filosófico e poético, em que Platao e Aristóteles, Joao Cabral e Augusto dos Anjos, Borges e Cruz e Sousa comparecem assimilados, destila humor e uma certa ironia que atinge nao as referencias, mas o próprio referente: o sofrimento, a dor de viver. A força da meditaçao está em contornar a fonte obscura do sofrimento, patenteando aquilo que conscientemente pode ser o conhecimento de si.
Esta mudança de tom poderia parecer esquisita, pois o acento nao mais decorre de assunto, nem das referencias óbvias das alusoes doentias. Nao mais Cruz e Souza e Augusto dos Anjos; agora as referencias sao outras, algum Drummond de Claro Enigma, Joao Cabral, algum Borges. Com eles, Plínio inflecte a ironia, mantendo a melancolia agora na chave da linguagem mais pura, sem alegoria. O tom meio burlesco desaparece, com que a meditaçao toma, finalmente, o rumo mais da poesia, menos da filosofia. Efeito, talvez, da ascese propiciada, nao pela platonica descida ad inferos, mas pela conquista da única epopeia de salvaçao à nossa disposiçao:vida toda linguagem.
Mas a visada das altas paragens poéticas é continuamente desconstruída por designaçoes que pelo seu nao-senso produzem efeitos grotescos: humor que contraria a ironia socrática e as platonicas ascensoes. Com isto o sujeito é descentrado transformando-se antes em espetáculo que em ser meditativo. Um realismo grotesco toma o lugar dos simbolismos e desrealiza a suposta intimidade, ao substituir o decoro da linguagem por figuraçoes em que se reconhece o trabalho, inconsciente, de elaboraçao que espanca a morte: melancolia.
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A meditaçao da desesperança, por incidir na desconfiança de nossas verdades, finge postular, com humor, a indicaçao da poesia como remédio, embora incerto, para a pletora de males desencadeados pela sorte - uma espécie de deslocamento da filosofia, entendida como lenitivo para as dores do mundo e o aprendizado da morte, para outras paragens, em que a alegria salta, meio selvagem meio fanfarrona, com o desprezo da contemplaçao, vale dizer, da aceitaçao da brevidade da vida e o triunfo da morte. Um subtexto filosófico e poético, em que Platao e Aristóteles, Joao Cabral e Augusto dos Anjos, Borges e Cruz e Sousa comparecem assimilados, destila humor e uma certa ironia que atinge nao as referencias, mas o próprio referente: o sofrimento, a dor de viver. A força da meditaçao está em contornar a fonte obscura do sofrimento, patenteando aquilo que conscientemente pode ser o conhecimento de si.
Esta mudança de tom poderia parecer esquisita, pois o acento nao mais decorre de assunto, nem das referencias óbvias das alusoes doentias. Nao mais Cruz e Souza e Augusto dos Anjos; agora as referencias sao outras, algum Drummond de Claro Enigma, Joao Cabral, algum Borges. Com eles, Plínio inflecte a ironia, mantendo a melancolia agora na chave da linguagem mais pura, sem alegoria. O tom meio burlesco desaparece, com que a meditaçao toma, finalmente, o rumo mais da poesia, menos da filosofia. Efeito, talvez, da ascese propiciada, nao pela platonica descida ad inferos, mas pela conquista da única epopeia de salvaçao à nossa disposiçao:vida toda linguagem.
Mas a visada das altas paragens poéticas é continuamente desconstruída por designaçoes que pelo seu nao-senso produzem efeitos grotescos: humor que contraria a ironia socrática e as platonicas ascensoes. Com isto o sujeito é descentrado transformando-se antes em espetáculo que em ser meditativo. Um realismo grotesco toma o lugar dos simbolismos e desrealiza a suposta intimidade, ao substituir o decoro da linguagem por figuraçoes em que se reconhece o trabalho, inconsciente, de elaboraçao que espanca a morte: melancolia.
CORPO ESTRANHO es un libro del género LITERATURA de POESIA del autor PLINIO JUNQUEIRA SMITH editado por ALAMEDA en el año 2014.
CORPO ESTRANHO tiene un código de ISBN 978-85-7939-085-2 y consta de 94 Páginas. En este caso se trata de formato papel, pero no disponemos de CORPO ESTRANHO en formato ebook.
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