Rataria: 64 poemas para Gorilas de Bolso
Rataria: 64 poemas para Gorilas de Bolso Haroldo Ceravolo Sereza
Editorial:
ALAMEDA
Matter:
POETRY
EAN
9786559663200
pages:
116
Collection:
POESIA
Idiom:
PORTUGUES

Com engenho e arte, Haroldo Ceravolo solta toda a bicharada em poemas bem sacados. Com dentes, garras e graça, expõe o bestiário hediondo e fascista que teima em afundar o barco de nossa política passada e presente.

Luana Chnaiderman



Os poemas deste livro trazem acidez, sarcasmos, reflexões e crítica pesadíssima a um período que não devemos esquecer jamais. Daí a importância da obra, um  registro muito bem elaborado, por meio de uma poesia muito bem escrita e inteligente.

Hélio Neri



Tudo começou em 2 de janeiro de 2019, quando publiquei numa rede social o quase haikai que abre este livro: "Uma nuvem de gafanhotos/ assumiu o reino do Egito./ Coaxam os sapos do Nilo".

Naquele início de ano e de  governo ultradireitista, parecia haver sinais evidentes da tentativa de desumanização de qualquer discurso político, num recuo pré-civilizatório que se confirmaria nos anos seguintes.

Neste ambiente, a simbologia animal, tudo sugeria, ganharia força. Acho que foi a partir desta percepção que fiz, por alguns meses, regularmente, poemas que me ajudaram a lidar com a insensatez crescente ainda antes da crise da Covid-19. Regressamos, com aquele governo, à gestão de dispositivos de controle político baseados num darwinismo social agressivo.

Aos poucos, configurou-se um projeto poético. Quando  algum animal surgia no noticiário ou nas leituras que realizava, fazia alguma pesquisa, envolvendo literatura e ciência, o que, creio, é perceptível nos poemas, a quase totalidade escrita no primeiro semestre de 2019. A partir desta pesquisa, procurava criar os versos que estão aqui.

A junção de literatura e biologia não era exatamente uma novidade para mim, devo dizer. Escrevi pouca poesia na vida, mas aos 18 anos fui finalista do Projeto Nascente, da Universidade de São Paulo, com um original chamado "Zoologia - coletânea de poemas sobre o reino animal".

Os poemas que produzi agora, recorrendo a figuras da simbologia animal, na maior parte não subverte as simbologias tradicionais. Isso não me parece exatamente problemático, e, de algum modo, permite explorar ambiguidades: gatos, por exemplo, podem ser tomados positiva ou negativamente, a depender da construção a seu entorno. Alguns animais,  por sua vez, são naturalmente ambí- guos: "penélope", um nome bastante charmoso, também designa, sei lá por que mistérios da história da biologia, "jacu".

Os animais, assim, podem expressar estupor, ódio, nojo, mas também sentimentos como cooperação,  lealdade, esperança. Estes casos são raros, mas não por acaso uma jararaca pode ser símbolo de maldade ou de resistência, a depender do contexto.

Como diria Paulo Vanzolini, que aliás era tão sambista quanto biólogo, devo ter cometido muitos pecados poéticos neste livro, "uns maiores, outros menores, mas no geral bem pesados". Pecados que dormiam numa nuvem digital qualquer quando veio, no fim de  2024, numa investigação da Polícia Federal, a autoclassificação dos golpistas como "rataria". Aquele bestiário de 2019 ganhou, assim, um nome, e decidi finalmente publicá-lo.

Como autor e como poeta temporão, tenho dúvidas sérias sobre as qualidades estéticas deste conjunto. Para disfarçar essa minha justificada insegurança, resolvi usar do recurso clássico de pegar algo realmente relevante do ponto de  vista cultural e incorporar à obra. Assim, para ilustrar estes poemas, resolvi recorrer à produção do naturalista Conrad Gessner, que  no renascimento desenhou e imaginou seres descritos, muitas vezes, não diretamente por ele.

Haroldo Ceravolo Sereza

 

Sobre o autor: Haroldo Ceravolo Sereza é editor da Alameda, crítico literário e jornalista. É autor de O naturalismo e o naturalismo no Brasil (Alameda), Trinta e tantos livros sobre a mesa (Oficina Raquel) e Florestan - a inteligência militante (Boitempo).

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Luana Chnaiderman



Os poemas deste livro trazem acidez, sarcasmos, reflexões e crítica pesadíssima a um período que não devemos esquecer jamais. Daí a importância da obra, um  registro muito bem elaborado, por meio de uma poesia muito bem escrita e inteligente.

Hélio Neri



Tudo começou em 2 de janeiro de 2019, quando publiquei numa rede social o quase haikai que abre este livro: "Uma nuvem de gafanhotos/ assumiu o reino do Egito./ Coaxam os sapos do Nilo".

Naquele início de ano e de  governo ultradireitista, parecia haver sinais evidentes da tentativa de desumanização de qualquer discurso político, num recuo pré-civilizatório que se confirmaria nos anos seguintes.

Neste ambiente, a simbologia animal, tudo sugeria, ganharia força. Acho que foi a partir desta percepção que fiz, por alguns meses, regularmente, poemas que me ajudaram a lidar com a insensatez crescente ainda antes da crise da Covid-19. Regressamos, com aquele governo, à gestão de dispositivos de controle político baseados num darwinismo social agressivo.

Aos poucos, configurou-se um projeto poético. Quando  algum animal surgia no noticiário ou nas leituras que realizava, fazia alguma pesquisa, envolvendo literatura e ciência, o que, creio, é perceptível nos poemas, a quase totalidade escrita no primeiro semestre de 2019. A partir desta pesquisa, procurava criar os versos que estão aqui.

A junção de literatura e biologia não era exatamente uma novidade para mim, devo dizer. Escrevi pouca poesia na vida, mas aos 18 anos fui finalista do Projeto Nascente, da Universidade de São Paulo, com um original chamado "Zoologia - coletânea de poemas sobre o reino animal".

Os poemas que produzi agora, recorrendo a figuras da simbologia animal, na maior parte não subverte as simbologias tradicionais. Isso não me parece exatamente problemático, e, de algum modo, permite explorar ambiguidades: gatos, por exemplo, podem ser tomados positiva ou negativamente, a depender da construção a seu entorno. Alguns animais,  por sua vez, são naturalmente ambí- guos: "penélope", um nome bastante charmoso, também designa, sei lá por que mistérios da história da biologia, "jacu".

Os animais, assim, podem expressar estupor, ódio, nojo, mas também sentimentos como cooperação,  lealdade, esperança. Estes casos são raros, mas não por acaso uma jararaca pode ser símbolo de maldade ou de resistência, a depender do contexto.

Como diria Paulo Vanzolini, que aliás era tão sambista quanto biólogo, devo ter cometido muitos pecados poéticos neste livro, "uns maiores, outros menores, mas no geral bem pesados". Pecados que dormiam numa nuvem digital qualquer quando veio, no fim de  2024, numa investigação da Polícia Federal, a autoclassificação dos golpistas como "rataria". Aquele bestiário de 2019 ganhou, assim, um nome, e decidi finalmente publicá-lo.

Como autor e como poeta temporão, tenho dúvidas sérias sobre as qualidades estéticas deste conjunto. Para disfarçar essa minha justificada insegurança, resolvi usar do recurso clássico de pegar algo realmente relevante do ponto de  vista cultural e incorporar à obra. Assim, para ilustrar estes poemas, resolvi recorrer à produção do naturalista Conrad Gessner, que  no renascimento desenhou e imaginou seres descritos, muitas vezes, não diretamente por ele.

Haroldo Ceravolo Sereza

 

Sobre o autor: Haroldo Ceravolo Sereza é editor da Alameda, crítico literário e jornalista. É autor de O naturalismo e o naturalismo no Brasil (Alameda), Trinta e tantos livros sobre a mesa (Oficina Raquel) e Florestan - a inteligência militante (Boitempo).

Rataria: 64 poemas para Gorilas de Bolso it is a book of the genre LITERATURE de POETRY from the author Haroldo Ceravolo Sereza edited by ALAMEDA

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